Como estão os seus ossos?

Como estão os seus ossos?

Doenças caracterizadas pela perda óssea, osteopenia e osteoporose não têm cura. Associados ao envelhecimento, esses males indicam que o organismo está perdendo a batalha num processo que começa alguns anos depois da puberdade e de o indivíduo ter atingido o pico de massa óssea. A partir de então, o corpo trabalha incessantemente para renovar as células que compõem essa estrutura, eliminando osso velho e produzindo osso novo. Esse jogo pode começar a se desequilibrar com a idade, com mais perda do que reposição óssea. Dependendo do grau de fragilidade dos ossos, eles podem se quebrar sozinhos ou sofrer fraturas ao impacto mais leve. As mulheres, especialmente após a menopausa, são as grandes vítimas dessas doenças. Mas elas atingem também os homens, principalmente os idosos. E, pelo menos por enquanto, a medicina só consegue retardar a progressão da perda óssea. Por isso, quanto antes o diagnóstico for feito, melhor.

O principal exame para isso é a densitometria óssea, um sistema de raio X duplo aplicado geralmente na coluna e no fêmur, que mede a quantidade de cálcio por centímetro quadrado. Levando em conta a idade da pessoa e a concentração de cálcio comparada com o referencial de um adulto com a massa óssea em sua plenitude, o exame indica se há osteopenia (perda entre -1 até -2,5) ou osteoporose (perda maior que -2,5).
Mas será que a densitometria óssea é um exame confiável? Segundo o Dr. Ricardo Botticini Peres, endocrinologista do Einstein, a resposta é positiva, dependendo de dois fatores fundamentais: a correta calibração do equipamento e a capacitação do profissional que realiza o exame. “Se o paciente não estiver bem posicionado ou se o equipamento não tiver manutenção adequada, altera-se a incidência dos raios e, portanto, a confiabilidade do resultado, com risco de falso positivo ou falso negativo”, afirma ele.

Causas e tratamento

Se o exame é confiável e indicou perda óssea, é hora de agir para brecar o processo. A primeira providência é saber, por meio de exame de sangue, se a osteopatia em foco é primária ou secundária. “Embora bem menos frequente, há casos em que a doença é secundária, ou seja, está associada a outros males, como hipertireoidismo, doenças renais e tumores. Nesses casos, são esses problemas que devem ser atacados, permitindo, às vezes, até a recomposição óssea”, observa o Dr. Ricardo. Mas a grande maioria dos pacientes sofre de osteopenias/osteoporoses primárias, ou seja, doenças do próprio osso, que estão associadas a múltiplos fatores.
As osteopenias/osteoporoses primárias são geneticamente determinadas, mais comuns entre pessoas brancas e atingem predominantemente o sexo feminino – as mulheres representam 80% dos casos. Nelas, a degradação do tecido ósseo está fortemente vinculada à perda do estrógeno, hormônio que contribui para a absorção do cálcio, mas cuja produção diminui após a menopausa. Mulheres que chegam precocemente ao climatério ou que tiveram problemas hormonais na fase anterior da menopausa também têm chances aumentadas de desenvolver osteopenia ou osteoporose.

Além disso, influencia também no desenvolvimento da doença – tanto para homens como para mulheres – a qualidade da alimentação, a pouca exposição ao sol (está relacionado à produção de vitamina D, que ajuda na fixação do cálcio), a baixa quantidade de vitamina D e o consumo de cafeína, álcool e cigarro, que desequilibram a relação entre formação e destruição do tecido ósseo. Também são prejudiciais medicamentos como a cortisona, anticonvulsivantes e hormônios da tireoide quando tomados de forma inadequada. Pessoas que não conseguiram chegar ao pico da sua massa óssea na puberdade, como crianças com doenças crônicas, subnutridas ou submetidas a maus tratos, têm também maior chance de sofrer mais perdas ósseas.
Não há cura para as osteopatias primárias. Mas existem tratamentos que podem evitar ou retardar sua progressão. Entre os recursos adotados estão a reposição hormonal após a menopausa, a suplementação de cálcio e vitamina D e a administração de drogas, como os inibidores de reabsorção óssea e os estimuladores de formação óssea.
Para os casos mais graves de osteoporose, já existe, há uma década, um medicamento específico que estimula a recuperação óssea, a teriparatida, tecnologia obtida por meio da engenharia genética. Mas ela ainda é muito cara e a literatura médica recomenda cuidados especiais e sua adoção apenas em casos selecionados. Isso porque há estudos em animais de experimentação que demonstraram uma maior prevalência de câncer ósseo. A novidade é o denosumab, substância que impede a ação das células responsáveis pela destruição do osso. Apesar de apresentar boa eficácia, também é uma droga cara e ainda deve ser administrada com cautela, pois seu uso é recente, sem muitos indicadores sobre eventuais efeitos indesejáveis.
Segundo o Dr. Ricardo, o melhor remédio contra a osteopenia e osteoporose é mesmo a prevenção. A receita é simples e barata: alimentação saudável, prática de atividades físicas, exposição moderada ao sol (que ajuda na formação da vitamina D) e eliminação de fatores de risco, como álcool e fumo.

Publicado em 04/01/2013
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